Por que comprimir?
Compressores e limiters são amplificadores especializados em diminuir a amplitude dinâmica, o intervalo de volume sonoro duramente a música. O uso de compressores pode fazer com que gravações e mixagens ao vivo soem melhor controlando o nível máximo e mantendo um nível de pressão sonora alto e controlado.
Além disto, alguns destes compressores adicionarão sua assinatura sonora aos arquivos de áudio, adicionando coloração. Compressão pode ser adicionada a uma pista para deixar seu som mais natural e inteligível sem distorção, resultando num som mais agradável de se ouvir. Ao mesmo tempo comprimir demais pode tirar a vida de seus arquivos de áudio, e, para aqueles que não estão familiarizados com um compressor, seguem algumas dicas básicas que podem fazer uma grande diferença em seu áudio.
Controles e parâmetros
Dependendo do compressor que você estiver usando, seja um hardware ou um plug-in, existem parâmetros e controles em comum que dirão o comportamento da compressão a ser aplicada, abaixo vão alguns dos elementos básicos da compressão. Talvez seu compressor não possua todos, mas entendendo a função de cada um ajudará bastante em seu uso.
Threshold
O controle de threshold ajusta o nível em que o efeito de compressão começa a funcionar, assim só quando atingir determinado nível a compressão começará a atuar. Se o nível de threshold for ajustado para -10 dB, só os picos de sinal que atingirem valores superiores a -10 dB serão comprimidos. No resto do tempo, não haverá compressão.
Knee
Knee refere-se a como a compressão comporta-se em relação as transições dos sinais comprimidos e não comprimidos. Em geral, compressores oferecerão a escolha entre “soft knee” e “hard knee”. Alguns compressores até oferecerão o controle de seleção em qualquer posição entre os dois tipos de knees. Como pode-se ver no diagrama abaixo um “soft knee” permite uma transição mais suave e mais gradual da compressão que a do tipo “hard knee.”
É o tempo que leva para o sinal atingir o nível máximo de compressão depois de atingir o nível de threshold. Tempos de ataque mais rápidos variam geralmente entre 20 e 800 us (microssegundos) dependendo do compressor usado, enquanto tempos mais lentos vão de 10 a 100 ms (milissegundos).
Alguns compressores expressam estes valores em dBs por segundo em vez de representá-los por tempo. Ataques muito rápidos podem criar distorção modificando o comportamento das frequências de onda mais baixas (Ex. Se um ciclo em 100 Hz dura 10 ms, um tempo ataque de 1 ms terá tempo de alterar a forma da onda gerando distorção).
Release
Literalmente o oposto do tempo de ataque, mais especificamente é o tempo que o sinal permanece comprimido ou atenuado até retornar a seu estado original. O tempo de release será consideravelmente mais longo que o de ataque, geralmente entre 40-60 ms até 2-5 segundos, dependendo do compressor.
Também podem ser ajustados em modo de dB por segundo em alguns compressores. Num ajuste normal de compressão o tempo de release deve ser o mais curto possível para evitar um efeito indesejado causado pela ativação e desativação do compressor. Por exemplo, se o tempo de release for muito baixo e o compressor estiver atuando em modo ativado-desativado constantemente, o sinal dominante, geralmente o baixo ou o bumbo da bateria, terá a parte dos ruídos modulada resultando num efeito tipo respiração.
Ratio (relação, proporção de compressão)
Este parâmetro é geralmente mal entendido mas simplesmente é a quantidade de atenuação aplicada ao sinal. Você encontrará várias opções de ratios disponíveis dependendo do desenvolvedor do compressor. Um ratio de 1:1 (um pra um) é o mais baixo onde não há atenuação.
Estes ratios de compressão são expressos em decibéis logo um ratio 2:1 indica que o sinal excedendo o threshold em 2 dB será atenuado em 1 dB acima do ponto de threshold, ou um sinal que exceda o ponto de threshold em 8 dB será atenuado em 4 dB acima do ponto de threshold, etc.
Um ratio de 3:1 pode ser considerado como compressão moderada, 5:1 será considerado uma compressão média, 8:1 forte e 20:1 até ∞:1 (infinito pra um) pode ser considerada um limiter e garante que o sinal não excederá o ponto de threshold. O diagrama abaixo mostra os ratios de compressão e sua relação com sinais de entrada e de saída ilustrando como o nível de ratio influência o sinal.
Embora a compressão torne o sinal de saída mais alto, atenuação aplicada torna o sinal mais baixo, é onde entra o nível de saída, você pode usar o nível de saída para lapidar o trabalho feito pela atenuação do compressor. Alguns compressores tem medidores de sinal que podem ser colocados em modo de redução de ganho indicando a redução em dBs, permitindo ajustar o nível certo de ganho de saída de sinal.
Tipos de compressor
O tipo de compressor escolhido influência diretamente no som obtido deste efeito, alguns compressores terão tempos de ataque e release diferentes de outros, e alguns adicionarão coloração ou um timbre vintage em decorrência de seus componentes. Abaixo uma descrição dos 4 principais tipos de compressor e uma breve descrição.
1. Compressão de válvula
Provavelmente o mais velho tipo de compressão, costumam ter uma resposta mais lenta, ataque e release também mais lentos do que outros compressores. Por conta disto exibem uma coloração distinta e vintage que é impossível de se conseguir com outros tipos de compressor.(Ex. Fairchild 670)
2. Compressão óptica
Compressores ópticos afetam a dinâmica do sinal via um elemento de luz e uma célula óptica. Quando a amplitude do sinal de áudio aumenta o elemento luminoso emite mais luz fazendo com que a célula ótica atenue a amplitude do sinal de saída. (Ex. LA-2A Classic Leveling Amplifier, que também usa válvulas para o ajuste de nível de saída).
3. Compressão FET
Compressores do tipo FET ou “Field Effect Transistor” emulam o som de válvulas usando circuitos transistorizados, são limpos, rápidos e confiáveis.(Ex. 1176LN Classic Limiting Amplifier)
4. Compressão VCA
Compressores do tipo VCA ou “Voltage Controlled Amplifier” são do tipo solid state ou de circuitos integrados. Geralmente mais baratos que compressores valvulados e ópticos, tem menos coloração. (Ex. dbx 160 Compressor/Limiter)
Dicas e truques
Aqui vão algumas sugestões para uso dos compressores, não são regras mas o deixarão mais seguro no uso.
- Aplique uma compressão sutil durante todo o processo de gravação, mix e masterização, e não uma compressão única para tudo num determinado momento do processo.
- Sempre ouça com cuidado o áudio ao aplicar a compressão, pois a compressão pode afetar negativamente o timbre, isto depende do tipo de compressão usada, mas geralmente tem a ver com picos e depressões do sinal, reduzindo os picos o timbre muda, use compressões muito rápidas em instrumentos com vibrato e verá este efeito indesejado.
- Comece com ratio de moderado a médio entre 2:1 e 5:1. Coloque o tempo de ataque entre médio e rápido e um tempo de release mediano. Agora eleve gradualmente o threshold até conseguir algo em torno de 5 dB de redução de ganho. Compense a saída de ganho para 5 dB de atenuação. Finalmente aumente gradualmente o tempo de ataque até notar sua atuação e reduza se necessário.
- Experimente uma compressão mais radical como efeito em guitarras limpas e caixas de bateria, trazendo-os realmente a frente.
- Para compressão de música tenha cuidado, nas músicas populares é comum uma linha de baixo forte e constante, e se você tentar comprimir demais no momento de um pico de outro instrumento, devido a força do baixo, pode fazer com que algumas frequências respondam de forma indesejável. Isto pode ser evitado usando um compressor multibanda como o Precision Multiband Compressor. Este tipo de compressor separa o sinal em frequências múltiplas e permite comprimi-las em separado.
- Confie em seus ouvidos!
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